30 março 2007

ESTRANHAMENTE NORMAL

Calado na cama
Em pensamentos afundo na música
Filho de uma luz que não reflete pensamentos
Calado no escuro perpasso o canal
Céus estrelados pintados com sangue
Minhas vozes se calam na noite
Minhas vidas perseguem meu ser
Fumaças atraem estrelas que despencam de minha boca
Olhos perseguem meu encanto pela vida
Na ferida do coração encontro repouso em gotas
Pendurado, estou por um fio

Procuro mulheres que não existem
Onde estou? Porque estou? Onde esta meu mapa interior?
De súbito chove minha dor
Dores de cabeças afligem minha esperança
Flores que nascem na varanda de uma casa
Que não existe, mas um quarto persiste
Assaz vivo em conflito acanhado
Malvado, perambulo na vida
Olhos para tatear o invisível
Mãos para ver o visto
Cadelas vivas me olham
Baleias mortas me sufocam
Passos no céu me engana
Barulhos no chão me cansam
Silêncio espreita o cigarro
Mapas me orientam para o nada
Fogo no mar me devora
Pega! Pega! Não larga, agarra!

Caduco estou de amor
Amor por mim, pelos meus espelhos
Que no banheiro me aguardam
Suplicas de um verão que não passa
Suspiros de um inverno que não vem
Folhas de um outono infinito
Coração de uma primavera que não guardo
Largo, deixo, desleixo
Mapas me fazem perder de mim
Informações de uma bula
Que vem escrita em minha testa
Que atesta o intestável
O indizível, indecifrável, incalculável

O homem se mistura e se encontra
A mulher se apodera na escrita
Meu sexo se anima e se exterioriza
Meu sono não vem e me escrevo
Escrevo por escrever, apenas ver
A caneta florescer
Na cama que não durmo e que sonho
Com fantasmas perambulando pela vida
Caminhos que andam para trás
Caixas que levo em uma bicicleta
Com pneus furados pelos meus dedos agulhados

Parado observo o esquecimento
Aqueço-me em meus pesadelos
Encontro-me nos pensamentos que não quero
O tempo refloresce na fumaça
Já cansada de não ter sentido
Apenas ouvidos
Olhos
Sonhos
Calor de pavor ...e ... chega!
Leandro José de Araujo